Hospital Metropolitano promove inclusão e atendimento humanizado por meio de Libras

 em Humanização

Pense na seguinte situação: um dia você acorda com uma dor muito forte na cabeça, vai ao hospital e tenta conversar com a recepcionista pedindo ajuda. Ela olha para você mas parece não entender o que você diz. Você aponta para sua cabeça, enquanto a dor agonizante aumenta. O médico vem e tenta conversar com você, mas as palavras que são pronunciadas não fazem sentido algum. Então, sem conseguir ser compreendido e com fortes dores, você desmaia. E, esse é só o início de um atendimento ineficaz na comunicação, que não lhe permite receber a assistência adequada e que pode custar a sua vida.

Segundo a facilitadora em Libras e assistente social, Rosângela Lima, situações como essas podem ocorrer quando uma pessoa surda busca por atendimento hospitalar. “Precisamos extinguir a falta de profissionais capacitados para compreender as necessidades do surdo, pois isso apresenta risco a uma assistência eficiente e por consequência a vida do paciente. Precisamos mudar essa realidade. Me sinto feliz por vivenciar a formação de mais uma turma de profissionais que se disponhem a abraçar à causa das pessoas com deficiência, dando a elas o direito de se comunicar e ser compreendido em sua língua” frisou.

Apesar dos desafios enfrentados por consequência da pandemia da Covid-19, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, continuou avançando e buscando alternativas para fazer sobressair a empatia e prevalecer a garantia dos direitos da pessoa com deficiência. Desde 2019 a instituição promove a Capacitação na Língua Brasileira de Sinais, para profissionais de saúde atuantes em diferentes áreas. Nesta última edição do curso, foram abertas vagas para outras instituições da Rede Hospitalar Estadual, e todas elas receberam certificação pela Escola de Saúde Pública.

Na última sexta-feira (16), após três meses de curso, ocorreu a formação de 30 novos habilitados para o atendimento à pessoa surda. “São recepcionistas, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionista, equipe administrativa, médico, entre outros profissionais, que buscaram o aprendizado e seguirão se aperfeiçoando para dar o suporte necessário a pessoa com deficiência. Acolhendo e entendendo suas necessidades”, afirmou a coordenadora da Educação Permanente da instituição, Mariana Gonsalves.

Para quem participou da iniciativa, como o médico Ivan Julião da Cunha, foi apresentada uma oportunidade para exercer a inclusão. “Em mais de 27 anos de profissão, este foi um dos maiores e mais prazerosos desafios que vivenciei. Já atendi pessoas surdas, mas sempre acompanhadas, com um familiar ou um intérprete. Mas, com o curso, descobri a importância de dar a essas pessoas a oportunidade e direito da independência, delas buscarem atendimento sozinhas e receberem uma assistência digna em sua língua. Vou seguir me capacitando, para prestar a melhor assistência”, disse o clínico geral.

De acordo com o levantamento do setor de Serviço Social da unidade, já passaram pela instituição, pacientes, acompanhantes e usuários de um modo geral, identificados como pessoa surda, para estes, foram prestadas a assistência adequada à sua llíngua. “É importante frisarmos que nem todo surdo é alfabetizado, muitos sabem apenas libras, por isso não adianta pedir para ler ou escrever como alternativa de comunicar-se. É preciso usar a língua de melhor entendimento no momento do acolhimento. Implantamos ainda um identificador no leito dos pacientes quando esses são surdos, em todas as áreas, incluindo a Covid, onde chegamos a receber em 1 ano, quatro pacientes surdos”, pontuou a coordenadora do Serviço Social, Carmen Lúcia Meireles, que também se formou nesta 3ª turma.

O diretor de Ensino, Pesquisa e Inovação do Metropolitano, Dr. Mário Toscano, expressou que tem se consolidado na instituição uma cultura de garantia dos direitos da pessoa com deficiência e sensibilização dos profissionais de saúde. “Desde 2019 quando iniciamos o projeto com a primeira turma, não encontramos dificuldades em fechar o número mínimo de vagas, pelo contrário, tem se criado listas de espera. Os profissionais estão cada dia mais sensibilizados em promover um SUS com equidade. Aqui nós fazemos o SUS que queremos. Parabenizo a todos os participantes, e desejo que esse diferencial sirva de exemplo a outras instituições de saúde”, concluiu.

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