Desenganada por médicos há mais de 6 anos, paciente encontra cura de tumor raro no Hospital Metropolitano

 em Alta Complexidade

O melhor médico é aquele que recebe os que foram desenganados por todos os outros. Essa é uma afirmação do filósofo Aristóteles que se tornou real na vida da paciente Inácia Alves da Silva, de 52 anos, moradora da cidade de Boqueirão, no agreste paraibano, que chegou ao Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação PB Saúde, desenganada, após receber durante 6 anos o mesmo diagnóstico médico, de que o Meningioma Petroclival identificado em seus exames era inoperável.

Na primeira consulta, em 6 de abril deste ano, a paciente chegou à unidade muito debilitada, regulada por meio da Secretaria de Estado da Saúde. De acordo com os neurocirurgiões Daniel Ronconi e Breno Câmara, antes de chegar ao Metropolitano, ela ouviu de outros especialistas que a retirada do tumor não seria indicada e foi orientada a voltar para casa e viver o resto do tempo que lhe restava. Passaram-se cerca de 6 anos, e o tumor que já era grande, quando ela recebeu o primeiro diagnóstico, estava ainda maior, e já havia comprometido suas funções motoras e parte dos seus sentidos.

“Inácia chegou com um lado do corpo paralisado, não andava, não comia por conta própria, sua fala estava muito fraca e havia perdido um lado da audição”, relatou o neurocirurgião Daniel Ronconi. Após analisar o caso, os especialistas explicaram à paciente que, durante muito tempo, a remoção radical dos Meningiomas Petroclivais era considerada de alto risco e associada à alta mortalidade. Contudo, recentes avanços nos acessos à base do crânio e técnicas microcirúrgicas, que ambos neurocirurgiões já dominavam, permitiriam a possibilidade da remoção radical com segurança.

Prezando pela qualidade de vida da paciente, os neurocirurgiões esclareceram que o procedimento durou mais de 22 horas, e foi dividido em duas etapas, realizadas em dias distintos para evitar que o cansaço físico e psicológico prejudicasse a performance da cirurgia. A primeira etapa ocorreu no dia 18 de abril, e teve o objetivo de criar o acesso, já a segunda etapa foi realizada no dia 25 de abril, para a retirada do tumor. “Como a lesão dela estava muito grande, multicompartimental e profunda, a técnica que utilizamos foi uma craniotomia extensa que se chama Petrosectomia Combinada. Trata-se de um acesso complexo e demorado que envolve muito trabalho ósseo, justamente para evitar tocar no cérebro e preservá-lo. Além disso, combinamos essa técnica com outra, chamada Peeling Tentorial, o que trouxe um excelente resultado”, explicou Breno Câmara.

Além dos profissionais que trabalharam na sala de cirurgia: anestesistas, instrumentadores, técnicos e enfermeiros, houve a participação essencial da equipe multiprofissional, para alcançar um resultado surpreendente. “Para uma paciente como essa, é fundamental que tenha, tanto no pré, quanto no pós-operatório, um acompanhamento intenso da fisioterapia, da fonoaudiologia, da terapia ocupacional, da nutrição e dos cuidados de enfermagem. Então, sem dúvida, esse resultado é fruto de um trabalho em equipe”, discorreu o médico.

Após a alta, realizada em 25 de maio, Inácia retornou ao Metropolitano no último dia 27 de junho. No encontro com os especialistas, bastante emocionada, ela também agradeceu. “Eu só tenho orgulho de falar sobre o atendimento deste hospital, sobre esses médicos maravilhosos que Deus usou para fazer essa cirurgia. Eu estar falando hoje, andando e comendo com a minha própria boca é uma sensação muito boa, de muita alegria e emoção, então tudo o que eu fale para agradecer ainda é pouco. Só peço que Deus dê mais saúde e sabedoria a todos que ajudaram de alguma forma a restaurar a minha vida”, agradeceu.

Satisfeita com o resultado, Maria José da Silva, irmã da paciente, que a acompanhou durante toda a trajetória da doença, expressou o agradecimento a toda equipe envolvida. “O sentimento que fica agora é de muita alegria, de vida nova e de gratidão. Eu agradeço muito aos cirurgiões e a toda equipe que cuidou dela e a direção completa do hospital, pois o acolhimento que minha irmã recebeu foi muito bom, os cuidados foram os melhores”, descreveu.

Na ocasião, Daniel Ronconi ressaltou que o tempo longe da família estudando e todas as abdicações que precisou passar foram recompensadas quando ele viu a diferença que fez na vida de dona Inácia. “Não teria dinheiro no mundo que pagasse o que sentimos quando vemos a paciente dessa maneira. Nós percebemos que tudo que fizemos valeu a pena. Se ela fosse a única paciente que conseguimos salvar, já valeu a pena para o resto da vida. Na verdade, a saúde e ser médico é sobre isso, tentar fazer a diferença na vida das pessoas”, afirmou.

O superintendente da Fundação PB Saúde que gerencia o Hospital Metropolitano, Daniel Beltrammi, ressaltou que cirurgias como essas são possíveis graças também à infraestrutura completa e moderna que a unidade hospitalar dispõe. “Procedimentos complexos como este podem ser realizados com sucesso, pois dispomos de um microscópio de alto nível, de aspirador ultrassônico, de endoscópio e de todo o material padrão que os grandes centros do mundo utilizam para obter eficácia e bons resultados neste tipo de cirurgia. Nossa missão aqui no Metropolitano é seguir proporcionando o melhor atendimento no SUS aos paraibanos e paraibanas”, concluiu Daniel.

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