Num intervalo de oito dias, Hospital Metropolitano realiza a segunda captação de múltiplos órgãos seguida de transplante de coração

 em Transplantes

Num intervalo de apenas oito dias, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde – PB Saúde e pertencente à rede estadual, realizou a segunda captação de múltiplos órgãos seguida de transplante de coração, na manhã desta segunda-feira (22). O primeiro caso, até então, de maneira inédita na unidade hospitalar, aconteceu no último dia 14 (clique aqui e relembre o caso https://www.hospitalmetropolitano.pb.gov.br/ineditismo-hospital-metropolitano-realiza-captacao-de-multiplos-orgaos-e-em-sequencia-transplante-de-coracao/). 

Ambos os pacientes eram acompanhados pelo hospital e o beneficiado com o coração foi José Paulino, de 53 anos, que há um ano estava na fila única de transplantes devido a uma cardiopatia grave. A esposa de José Paulino, Maria da Conceição, agradeceu à família doadora e enfatizou a importância da doação de órgãos. “O tão esperado dia chegou hoje com a ligação que eu tinha que vir para o hospital para ele fazer o transplante. Muito boa essa notícia, saber que meu esposo vai ficar bem com esse transplante. A gente agora vai seguir as nossas vidas e criar nossos filhos. Por isso, quem tiver alguém da sua família que precise fazer doação, que faça doação de órgão. Deixe alguma documentação assinada para dar vida a quem precisa sobreviver”, enfatizou Maria da Conceição. A oportunidade de José Paulino continuar criando os filhos junto com sua esposa só foi possível devido ao sim da família do paciente doador, de 33 anos, que em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) teve a Morte Encefálica (ME) confirmada no último domingo (21), após seguir todos os protocolos exigidos. 

De acordo com a coordenadora de enfermagem da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Metropolitano, Patrícia Monteiro, além do coração foram doados fígado, rins e córneas, em que os rins e fígado ficarão no estado da Paraíba e as córneas vão para o Banco de Olhos da Paraíba.

“Nada disso seria possível sem o sim da família. A logística acontece em parceria com a Central de Transplantes e o Corpo de Bombeiros que nos ajuda na logística desta captação. Queria dizer que as pessoas se sensibilizem mais, se tiver dúvidas, busque se informar mais. Está crescendo muito as doações e captações na Paraíba, e isso ajuda a reduzir a fila de transplante”, reforçou Patrícia.  

O cirurgião cardiovascular, Maurílio Onofre, pontuou que a realização desse procedimento só foi possível devido “à estrutura disponibilizada pelo governo do Estado, não só a capacitação dos médicos, como toda a equipe de apoio, enfermagem, fisioterapia, enfim, toda uma equipe envolvida, que são vários profissionais de várias especialidades. E eu ressalto aqui alguns aspectos que são importantes para a viabilização de um transplante, qualquer que seja, cardíaco, hepático, que é o trabalho da Central de Transplante em localizar, convencer as famílias dos possíveis doadores, mostrar a importância da doação”, disse o especialista. 

Maurílio explicou sobre o grande benefício de realizar a captação do órgão já seguida do transplante na mesma unidade hospitalar.

“Esse é um benefício muito grande porque o tempo de isquemia (tempo que o coração vai ficar sem receber sangue) influencia bastante na saúde do órgão. Quando é feito em um mesmo hospital, como é o caso do transplante de hoje, o tempo de deslocamento, ou seja, de você fazer a captação de um órgão em um estado vizinho ou uma cidade próxima, esse tempo de deslocamento não existe. É um tempo mínimo porque você retira o órgão e já vai para outra sala no mesmo bloco cirúrgico, isso tem um benefício muito grande no órgão doado”, explicou Maurílio.

Para a médica cardiologista clínica e coordenadora do ambulatório para transplante do Metropolitano, Tauanny Frazão, que acompanhou o caso de José Paulino, além da cardiopatia grave, em que o coração cresceu tanto que ele não conseguia realizar as funções do dia a dia, o paciente teve também um AVC.

“Estamos emocionados que esse grande dia chegou. Ele é acompanhado aqui no HM há mais de um ano. Durante esse acompanhamento ele teve um novo AVC, então testemunhamos toda a luta dele, é um grande guerreiro! A gente fica muito feliz e grato pela doação, porque tudo isso é devido a grande conscientização da sociedade. Por isso, é importante que as pessoas conversem com os familiares sobre o desejo de ser doador. Fale com os familiares, porque a escolha é sua, mas a decisão está na mão deles. Daí a importância de deixarmos explícito este desejo de ser doador para que muitas vidas sejam beneficiadas por esse gesto de amor, este gesto heróico. Existem muitos mitos sobre a questão da doação de órgãos, mas eu gosto de ratificar que o protocolo de morte encefálica é um protocolo muito seguro. A gente é a favor da vida, então a doação de órgãos vai salvar muitas vidas. Quando a família tem esse ato de generosidade, a gente fica muito grato, pois a fila de pessoas que aguarda órgãos doados para começar uma nova vida é muito grande”, ressaltou Tauanny.

Transplante no HM: O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires é referência em cardiologia e neurologia e recebeu o credenciamento para realização do transplante cardíaco em junho de 2020. Desde então, foi implantado na unidade o Ambulatório de Transplante, para atendimento a pacientes candidatos ao procedimento. Além do transplante em adultos, o Metropolitano tornou-se o 5º hospital público do país habilitado para fazer transplante de coração pediátrico. Em 26 de março de 2022, a unidade hospitalar realizou o primeiro transplante cardíaco 100% SUS pela Paraíba. Já em 2023, foram realizados quatro transplantes cardíacos, enquanto que o mesmo quantitativo já foi feito no primeiro quadrimestre deste ano. 

 

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