Após dois anos de internação no Hospital Metropolitano, criança recebe alta e vai conhecer a sua casa

 em Humanização

 

A manhã desta quarta-feira (21) foi marcada por muita emoção e despedida no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), pertencente à rede estadual de saúde. É que chegou o dia do pequeno Rafael Basílio ir para casa após dois anos de internação na ala pediátrica da unidade de saúde. 

Rafael deu entrada no hospital no dia 31 de janeiro de 2022, ainda recém-nascido, para realizar a correção de uma uma cardiopatia congênita, comum em crianças com síndrome de Down. De acordo com a médica que o acompanhou, Dra. Ynnaiana Navarro, o procedimento de correção é uma cirurgia muito grave e devido algumas complicações inerentes ao pós-operatório, Rafael teve uma parada cardíaca prolongada. “Devido a intercorrência e a gravidade de toda a situação, ele ainda precisou fazer a instalação da traqueostomia e gastrostomia, necessitando ficar internado para o processo de reabilitação e tratar algumas infecções e outras intercorrências, decorrente da parada cardíaca prolongada”, explicou Ynnaiana. 

A médica contou, ainda, que no período de internação, Rafael teve muitas idas à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas que há seis meses a equipe multiprofissional percebeu que seu quadro de saúde estava mais estável e foi iniciado processo de desospitalização. “Fizemos o possível para o Rafinha voltar ao seu convívio familiar, na sua casa. Mas era preciso da montagem de um home care que é um procedimento demorado, tanto tecnicamente como psicologicamente. Em que o Estado fornece toda a uma estrutura técnica, um suporte adequado para casa e também trabalhar com a família essa segurança de sair do hospital. Principalmente porque o Rafinha está há muito tempo aqui com a gente, então foi feito esse trabalho diariamente, com toda a equipe que é composta por muitos profissionais”, explicou a médica. 

Para Maria Vitória Basílio, mãe do Rafinha (carinhosamente chamado pela equipe multiprofissional do Hospital Metropolitano), poder voltar para casa com o seu filho, após dois anos “morando” no hospital foi um momento de muita emoção e gratidão. “Eu só quero agradecer a toda a equipe médica, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, nutrição, toda a direção do hospital, todo mundo. Agradeço de todo o meu coração por tudo o que vocês fizeram por mim. Não foi fácil chegar até aqui. Foi muita batalha, muitas lutas e eu agradeço do fundo do meu coração a toda a equipe do Hospital Metropolitano. Hoje eu estou muito feliz de levar meu filho para casa. Tiveram momentos que eu achava que eu não ia conseguir levar Rafael, mas Deus é maravilhoso e eu vou levar ele para casa hoje”, comemorou Maria Vitória. 

Na saída do leito, ainda no corredor da ala pediátrica, Rafael foi ovacionado pela equipe de humanização do hospital e todos os profissionais que o acompanharam durante o tempo que permaneceu interno. A mãe de Rafael ainda recebeu algumas lembranças e um álbum com registros fotográficos de alguns momentos vivenciados durante a permanência de mãe e filho na unidade de saúde.  

Ao reforçar que a PB Saúde vem fortalecendo esse processo de desospitalização dos pacientes, a diretora de atenção à saúde da PB Saúde, Ilara Nóbrega, enfatizou que não se trata de retirar o paciente do hospital de qualquer jeito, mas sim de um processo cauteloso e que impacta diretamente na assistência necessária a ser prestada, uma vez que o paciente fica refratário no leito, sem indicações de novos procedimentos, distante da família, do convívio social, reflete na sua qualidade de vida. 

“Quando discutimos a possibilidade de desospitalizar um paciente, também  não é entregar esse paciente para a sociedade de qualquer jeito. Há todo um trabalho desenvolvido em conjunto com a equipe de atendimento que vai acompanhar o  paciente, oferecer o treinamento necessário, além de todo um trabalho de readaptação ao lar desse paciente. Então, estamos ampliando esse debate, pois, a exemplo do paciente Rafael, mantê-lo no hospital era privá-lo de viver ao lado da sua família, amigos, e até mesmo conhecer a sua casa, já que desde recém-nascido que ele estava internado”, pontuou Ilara.   

A enfermeira Edna que também acompanhou Rafael, ressaltou o vínculo afetivo criado com mãe e filho que foi muito além da relação profissional, além da garra de Maria Vitória. “Nós desenvolvemos uma relação, não só de profissional, mas também uma relação de família, com a mãe e com ele. Em que tivemos a oportunidade de cuidar dele e ensinar a Vitória como cuidar dele. Vitória é uma mãe muito guerreira, uma mãe especial, que cuida do filho com muito amor, disponibilidade, e fez tudo o que podia e o que não podia para que esse momento acontecesse. Hoje foi um dia muito especial, um dia muito emocionante, um dia de vitória, como o nome da mãe dele já diz. E para mim, foi uma nova experiência viver esse momento, onde ele passou por momentos bons, momentos também difíceis, mas que nem um momento a equipe, nem a mãe dele, perdeu as esperanças”, ressaltou.

     

Desospitalização

Conforme explicou a coordenadora do Serviço Social do Hospital Metropolitano, Carmen Meireles, o processo de desospitalização foi implantado no Metropolitano, há três anos, como uma estratégia de gestão para atender de forma mais direcionada os pacientes de longa permanência. 

Para que ocorra o processo, existe uma equipe direcionada para acompanhar melhor, inclusive com um assistente social específico, no Núcleo de Internação e Regulação, que acompanha e identifica o que está impactando a permanência do paciente no hospital. 

Após essa avaliação é verificado a viabilidade de transferência desse paciente para um hospital de “retaguarda” (que pode ser um hospital no município de residência do paciente) ou a disponibilização de um home care para o paciente voltar para casa. 

 

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