Hospital Metropolitano promove ações culturais alusivas ao Dia da Consciência Negra com participação especial de Escurinho

 em Humanização

O Dia da Consciência Negra, celebrado no Brasil em 20 de novembro, é uma data que reforça a importância das discussões e ações de combate ao racismo e a desigualdade social no país. Para reconhecer e valorizar a história e a cultura das raízes africanas, a Comissão de Humanização do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires planejou para esta segunda-feira (20), um dia repleto de atividades, como um almoço afro-brasileiro para os colaboradores, sessão de cinema com filmes temáticos para as crianças e apresentações musicais de artistas negros para todo o público. 

As atividades começaram ainda pela manhã na brinquedoteca da enfermaria pediátrica com a exibição de dois curta-metragem: A Menina do Laço de Fita e Hair Love. De acordo com a psicopedagoga do Metropolitano Janielly Fernandes, os dois filmes são animações que ajudam os pequenos a compreenderem melhor a diversidade etnico racial do mundo em que vivem. 

“As duas histórias trabalham conscientização, respeito e igualdade entre as pessoas. As crianças assistiram esses curtas e ao final realizaram uma atividade de pintura e colagem para trabalhar justamente o respeito às diferenças, compreendendo que todos nós somos iguais mas todos temos as nossas diferenças e as nossas características”, explicou Janielly. 

Para o almoço dos colaboradores foi acrescentado um prato diferente no cardápio que, segundo a coordenadora da Nutrição e Dietética do Metropolitano, Christiani Carla Carneiro, carrega uma forte simbologia no que se refere a sua relação com a culinária afro-brasileira, a feijoada. Além da refeição, os colaboradores, pacientes e acompanhantes puderam desfrutar durante o horário de almoço de duas apresentações musicais. A primeira foi voz e violão de Raifi Sousa, músico e técnico de radiologia da instituição, logo em seguida, o cantor Escurinho fez uma apresentação. 

Jonas Epifânio dos Santos Neto, mais conhecido como “Escurinho”, é um compositor, cantor e percussionista negro que atua no cenário artístico e cultural da Paraíba com um estilo musical que é uma fusão de ritmos e percussão. O artista já esteve internado no Hospital Metropolitano em dezembro de 2020 e, quando foi convidado para participar do evento em alusão ao Dia da Consciência Negra, aceitou o convite sem pensar duas vezes, como mencionou em seu discurso de abertura.

“Eu me emociono de estar aqui, pela minha relação com o hospital. Eu estive aqui numa situação muito difícil há três anos. Meu coração estava muito comprometido, e aqui com os cuidados da medicina e afeto dos profissionais, fui curado. Passei 15 dias em um estado grave, fiz cirurgia e renasci em todos os sentidos. Por isso, quando fui convidado para esse momento tão especial, não pensei duas vezes, e logo me organizei para vir. Eu agradeço ao SUS, aos médicos, aos profissionais de saúde. Recebam todos a minha gratidão”, disse. 

Entre uma música e outra, o artista também trouxe falas a respeito do combate ao racismo. “Não podemos esquecer dos povos originários, que aqui já estavam e respeitavam a terra. Se hoje vivemos em uma sociedade plural, devemos também a todos os que antes lutaram. O racismo ainda existe, ele passou a ser velado, mas é estruturado, por isso precisamos encarar, trazer para o debate, e lutar contra isso. Façamos de hoje uma oportunidade para repensar nossas ações, e avançar no combate ao racismo”, discursou. 

Toda a programação foi planejada pela Comissão de Humanização do Hospital Metropolitano.  Segundo a coordenadora de Enfermagem da Unidade, Mara Patrícia, que se identifica como mulher negra e faz parte da comissão, a programação foi pensada buscando celebrar e valorizar a riqueza e diversidade da cultura negra, representada na dança, na culinária, na música, na vestimenta, na religiosidade e em tantas outras formas de expressão humana.

“Especialmente no HM, esta data nos parece especialmente importante porque Dom José Maria Pires, nome dado a este hospital, foi o primeiro arcebisbo negro do Brasil e esteve à frente da Diocese Paraibana entre 1966 e 1995. Também conhecido carinhosamente como Dom Pelé ou Dom Zumbi, se destacou pela luta em favor da democracia, dos direitos humanos, em defesa do povo pobre e da luta anti-racista”, relatou Mara. 

Entre as apresentações musicais a gestora reforçou para a plateia presente a importância da adoção de práticas anti-racistas em um país onde o racismo está fortemente enraizado culturalmente e normalizado socialmente. “Para o enfrentamento do racismo estrurural é necessário refletir sobre falas e práticas cotidianas em todos os espaços de nossa vida, que, cotidianamente, reforçam a discriminação racial. Portanto, como diz a professora e filósofa socialista estadunidense, Angela Davis, numa sociedade racista não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”, frisou Mara Patrícia. 

Dia da Consciência Negra: A data entrou oficialmente no calendário escolar em 2003 mas somente em 2011, graças às lutas de movimentos sociais, foi instituída em todo o país pela Lei n.º 12.519. Apesar de não ser um feriado nacional, alguns estados e municípios a adotaram como sendo.

 

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